Como eu descobri que a imaginação dá prazer.
O mais remoto lugar de prazer que consigo recordar é o segundo degrau da escada de acesso ao primeiro andar da casa da minha avó em Alcântara.
Aqui me habituei a ficar quase imóvel quando a minha mãe tinha de sair e não ficava mais ninguém em casa para tomar conta de nós. Os melhores momentos eram quando a minha mãe levava com ela o meu irmão e eu permanecia sozinho à espera que eles regressassem.
Não sei que idade teria mas lembro-me que já pensava. Imaginava, olhando os movimentos do pó num raio de luz que vindo do quintal atravessava a vidraça da porta de comunicação, que podiam por lá descer anjos do céu que me fizessem companhia já que obedecendo às ordens de minha mãe eu ficava muito quieto esperando por ela.
Não me lembro destes momentos mas lembro-me da sensação de tranquilidade e bem-estar que me davam estes pensamentos. Era como se uma doce embriaguês de que na altura nem sabia o significado, me tomasse e me entorpecesse de felicidade. Hoje admito mesmo que aqueles momentos tivessem para mim um significado orgástico, que só muito mais tarde vim a experimentar através da acção sobre os genitais.
5 Comments:
É incrível como uma criança faz uma festa com tão pouco!
By Vegana da Serra, at 1:11 AM
Concordo que as crianças se divertem com pouco, no meu caso o maior gozo era saltar para cima dos arbustros e ficar toda arranhada...
By Totoia, at 2:00 PM
Gosto muito de Sintra!
Morei em Lisboa até 1977 e sempre que podia fugia para Sintra, habitualmente para a Serra.
A primeira vez que fui a Sintra fui de comboio a vapor. Iamos para a Praia das Maçãs, onde chegámos de eléctrico.
Tive muito medo, era miudo e achava as ondas enormes.Depois cresci e a Serra era o local mais romântico que eu conhecia à roda de Lisboa. [em pé de igualdade com o Magoito do outro lado da serra]
Muito obrigado pela sua visita a um dos meus blogues, volte sempre!
By Professor, at 12:22 PM
Assim é, pequena, a diferença entre o sádico e o masoquista. Tão pequena que alguns dizem que os extremos se tocam; outros que os polos se atraem.Eu arriscaria dizer dizer que são doses letais de venenos diferentes.E não arrisco pensar, não sei porquê, que são doses diferentes do mesmo veneno.Veneno aqui, não tem a ver com o nome do blogue mas com a capacidade assustadora que o veneno tem de matar ou curar. Dependendo apenas da gota ou da mão errada.Chicote ou chupa-chupa estão na mesma linha e por incrível que pareça, ambos são de "venda livre".
By Aluna, at 2:44 PM
Este comentário do "Professor" [que peneiras!]está deslocado. Era para um post no Blogue de Totoia. Azelhice do próprio.
By Professor, at 3:03 AM
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