Blogue do Doce Veneno

Wednesday, November 15, 2006

Estória Pícara III

Santa Amélia
Século IV

http://www.paulinas.org.br/diafeliz/santo.aspx?Dia=5&Mes=1&SantoID=728

Foi um engate típico de café.

Vocês sabem como é: a gente olha, a gente sorri, a gente cumprimenta, a gente como quem não quer a coisa começa a sentar-se na mesma mesa.

Depois é a altura das conversas da treta [a fase exploratória dos psicologistas], aquelas pequenas conversas sobre coisa nenhuma, bagatelas que vão permitindo saber como está o terreno, as defesas, as fraquezas e as fortalezas do território a ocupar.

Amélia, imaginem só, Amélia como a rameira do Padre Amaro! Mas nem uma única referência a este bom augúrio, apenas uma constatação, seguida pela minha própria nomeação: Luís.

Que sim, que lia muito e estava disposta a retomar os estudos de História que tinha interrompido quando o horário no outro emprego tinha tornado impossível a continuação. Ah, sim! E vai a Coimbra com que frequência? Duas ou três vezes por semana.

Mais tarde descobri que também saía bastante para Leiria e até Lisboa onde, dizia, tinha um cunhado.

Vivia num T1 próximo do centro da cidade, uma casa que os tios ou padrinhos lhe tinham mantido enquanto andou por fora a trabalhar.

E assim se foi arrastando este idílio… Uma vez baixei-me para apanhar qualquer coisa sob a mesa do café e, como um bom bocado da coxa estava à mostra porque a saia tinha subido, pespeguei-lhe um beijo descarado na pele macia e morna. Ela, como eu esperava, não esboçou a mais leve reacção!

- Olhe, Amélia, uma tarde destas vou buscá-la a Coimbra.

A porra era a sarna que não havia maneira de passar completamente. Ainda tinha, aqui e além, alguns pontos como cabeças de alfinete, crostas secas, que não havia maneira de saírem.

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