Blogue do Doce Veneno

Wednesday, December 06, 2006

Estória Pícara IV

Naqueles tempos a animosidade contra mim era óbvia. Chamavam-me, os da oposição, “o quinto vereador do PSD” mas era entre as chefias da Câmara que esse facto era mais visível pela razão simples de que ainda estavam afectos ao anterior executivo socialista e não podiam saber se a nova maioria era para ficar.

Povão puro e duro, como eram, ainda estavam a apalpar o terreno. Mais tarde fixaram-se, como é costume das classes baixas da sociedade, colando-se ao poder dominante.

Era principalmente em duas actividades que eu tinha de exercer, que mais se revelava tal animosidade: - Na elaboração do Boletim Municipal e na feitura do Relatório de Actividades a apresentar à Assembleia Municipal.

O primeiro Boletim Municipal que produzi foi o cabo dos trabalhos... A partir de meados de Outubro, a ideia era recolher informação junto dos vários pelouros e Divisões de Serviços da Câmara para elaborar não só o relatório para última reunião ordinária da Assembleia como aproveitar boa parte desses elementos para elaborar o Boletim do Natal uma vez que alguém tinha decidido que apenas se fariam, como era costume da Câmara anterior, dois boletins por ano, um pelo Bodo e outro pelo Natal.

O primeiro deste mandato tinha aparecido pelo Bodo de 1994 executado por uma grupo ad-hoc e foi-me apresentado como guia para o meu trabalho com o segundo.

Vou abster-me de falar sobre as burocracias a cumprir para conseguir uma tipografia que executasse o número de que me haviam responsabilizado. Fica para uma outra altura em que aborde procedimentos administrativos.

Já trabalhava e residia há mais de dez anos no concelho mas ainda não me tinha apercebido completamente das relações de parentesco e suserania que ligavam e ligam ainda hoje as pessoas deste espaço geográfico.

Embora houvesse muita gente dos mais variados pontos do país, as barreiras sociais e a xenofobia dos naturais pombalenses obrigava os de fora a procurarem fazer parte do círculo dos da terra através de uma concessão tácita de “menagem”, principalmente aos mais influentes, ficando integrados nas diversas clientelas. Eu quando cheguei fui, através de colegas da escola, arregimentado para a facção da clientela do PSD, da qual só me libertaria em 1996/97, ficando a partir daí isolado e sem outro círculo de influência, excepto a própria escola e a sua comunidade.

Ora quis o acaso que o responsável do Boletim que me foi dado para guia fosse cunhado do proprietário da empresa gráfica que iria executar o trabalho do meu primeiro boletim.

Juro que todas as complicações em que me meti com este e outros números do Boletim Municipal não tiveram nada a ver com este facto.

Mas ainda não tinha arranjado oportunidade [nem pensava ainda nisso] para ir a Coimbra buscar a Amélia.

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