Finalmente o Arunca vai ser asfaltado

Hoje, uma topógrafa (?) e dois porta-miras faziam medições no leito do Arunca. Na margem, a senhora accionava o teodolito e, dentro de água, os porta-miras posicionavam as miras sob as ordens da senhora.
Agora, que está em curso o lançamento da impermeabilização de grande parte da encosta do Castelo (sem uma única diligência de pesquisa arqueológica e tanto que há ainda a saber sobre a antiguidade e a Idade Média Pombalense) impossibilitando, permanentemente, esses estudos, mesmo que futuramente se queiram realizar, é explêndido re-implementar o grande projecto de Maria Luís Brites, na sua entrevista ficticia ao "Correio de Pombal" de 1990 ou 1991, em que a fututa candidata a presidente Câmara, pela pena e pela imaginação do meu amigo Pimpão dos Santos, preconizava o asfaltamento de todo o curso do Rio Arunca até à sua nascente em Albergaria dos Doze para facilitar o acesso rápido à sede do concelho. Não ficou claro se o rio era entubado ou se o seu leito era alternadamente usado pelas águas pluviais e pelos fluxos rodoviários. Foi uma grande paródia do 1.º de Abril. Mas os políticos habituaram-nos a excederem com as suas peregrinas decisões, tudo o que as nossas imaginações mais delirantes possam conceber. (Vejam-se algumas soluções urbanísticas modernas da nossa cidade.) Pois, os técnicos lá estavam, em árduo labor!

Glosando o Poeta apetece-me versejar:

Ai que prazer
Ser engenheiro.
Ter um edifício antigo
Para demolir
E logo o fazer.
Projectos,
São papéis pintados com tinta...
Quando melhor era
Reabilitar,
Reconstruir,
Preservar.
Mas as conquistas do nosso
municipalismo são isto:
- Fazer rotundas aos centos,
Deitar abaixo as marcas da história
E construir mamarrachos arquitectónicos...
Bem aventurados os Técnicos e os Engenheiros,
Os Politicos e os Economistas,
Pois deles é o Reino da Betonização
E da Ignorância Humanistas.